sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Alta potencia.


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Urso, uma dúvida assola a humanidade, nos ajude! Pra que tanta potência sonora para falar com Deus? Será que devida sua idade avançada, Deus esta com problemas de audição? Ou será apenas falta de respeito com os ouvidos alheios e um descumprimento de leis que como sempre é negligenciado pelas autoridades que temem um castigo celestial? Pecador. 


Caro Pecador,
seu problema é muito comum, mais do que você imagina. Basta parar para fazer as contas e perceberá o número de igrejas existentes e a maioria que não estão localizadas como deveriam trazem problemas por conta da poluição sonora aos seus vizinhos, crentes ou não.  Realmente nunca entendi porque as igrejas abusam do direito alheio de ter paz. Não deveria ser o contrário? Imagina a cena, uma galera no maior rock, só birita e farra, volume nas alturas, quando de repente, alguém toca a campainha e pede para abaixar o som por que está atrapalhando as orações. Teria tudo a ver!  O que acontece é o oposto, está lá, você tentando descansar após ter uma semana cheia, de ser acharcado pelo governo,  extorquido pelos guardadores de carro, estressado pelos manifestantes que pedem o aumento de salário e o que acontece? Lá vem aquela música, cantoria ou barulho, ou o nome que você quiser dar, acabar de ferrar com o seu sossego.  Já trabalhei em  um escritório que era vizinho de uma igreja presbiteriana, sei bem o que é isso. Sorte minha não morar lá. Fora as manifestações no volume máximo, ainda tinha que ficar procurando os donos dos carros que paravam em frente ao portão, impedindo que eu pudesse chegar ou ir embora.  Sabe o pior? Eu até simpatizava com o pastor! Cara gente fina, formado em teologia e com boa oratória. Um belo dia, depois de duas horas tentando achar o dono de um carro que havia me impedido de ir para casa, chamei o sujeito de canto e perguntei: “Pastor, me diz uma coisa, na Bíblia não tem nada pregando respeito ao próximo? Então… Sou teu vizinho de muro, mais próximo impossível! Tem como pedir para o pessoal não parar mais em frente ao meu escritório?”.  Após falar com ele, nunca mais tive esse tipo de problema. Até a música alta deu uma melhorada. É claro que essa seria a postura que todos esperamos de uma pessoa que defende o “Senhor”, mas sei que isso não acontece sempre. Eu tive sorte, falei com um sujeito que além da crença, tinha bom senso, coisa que acredito ser rara hoje em dia.  Sempre me perguntei uma coisa, se Deus é onipotente e onipresente, por que haveria de ser surdo?  Sendo assim, basta uma oração quase que murmurada que ele escutará. Uma música alta em nome do senhor tem mais peso do que a leitura do Novo Testamento em voz baixa? Que sentido isso faz? Não teríamos supostamente que ter a crença em nossos corações e em nossas atitudes?  Alguém poderá dizer “a música é para atrair os jovens para a religião”. Quem falou isso não está errado, realmente ela atrai os jovens que já estavam de saco cheio de promessas vazias e de histórias que não fazem sentido no mundo atual. Mas, trazer jovens pelas músicas sem respeitar o próximo, me faz questionar que tipo de cidadão a igreja está formando.  Algumas igrejas realmente esquecem os princípios que as rodeiam, comparativamente aos bares que fazem barulho e incomodam a vizinhança, as igrejas estão mais erradas, afinal, os bares não tem como fundamento os ensinamentos das escrituras sagradas.  Quero deixar bem claro que odeio qualquer tipo de manifestação que viole o direito individual de qualquer um, não estou nem aí se a marcha é para Jesus, Satanás, pela liberação da maconha ou pelo Clube do Livro, acho que ninguém tem o direito de incomodar os outros dessa forma. A manifestação é livre, desde que não interfira na vida alheia.  Os votos também vêm da religião do barulho  É engraçado ver como os prefeitos estão combatendo a poluição visual, mas deixam impunes aqueles que promovem a poluição sonora. Sabe por que isso acontece?  Política! Se você tem um estabelecimento, que paga todos os impostos e taxas, emprega pessoas, paga caro pelo ponto comercial, tem que colocar uma placa que não atrapalhe o visual. Sou favorável a essa medida de contenção de abusos. São Paulo estava emporcalhada com tanta propaganda e agora está muito melhor.  Agora, quando foi que igrejas, escolas de samba, casas de shows e afins passaram a ter imunidade? Quando se tornaram moeda de troca eleitoral. Fui reclamar do barulho de uma escola de samba e acabei sendo acusado de racismo! Fique pensando, só faltava essa, barulho passou a ter cor!  Depois de muita luta consegui reduzir os horários de funcionamento da escola, até consegui que a prefeitura doasse um terreno para ela construir seu galpão, ofereci ajuda na captação de recursos, mas, obviamente, fui ignorado… Normal! Eles estão acima da lei, parecem ter vereadores que defendem a bagunça em troca de um punhado de votos, gozam de prestígio por serem considerados sociais. E eu? Eu que me foda! Assim como você e o resto da sociedade, sou só um cara trabalhando e defendendo os meus, não dou espaço para vereador safado…  Quando uma instituição dita social fica maior do que a sociedade que a rodeia, é sinal que devemos reavaliar o conceito, pois os valores se inverteram.  Sempre terá um ou outro leitor pentelho achando que eu não posso ter opinião, tenho envolvimento político sim, já fui criticado aqui mesmo por não aceitar cabresto de leitor, mas não tenho obrigação de ser apartidário. Na verdade, tenho dever cívico de defender a minha bandeira, acima inclusive, de interesses paralelos.  Tome uma atitude  O primeiro caminho é sempre o diálogo, na falha dele, vá até uma delegacia de polícia e preste queixa de perturbação da paz, independentemente do horário da algazarra. Arrume um bom advogado e entre com uma ação de danos contra a instituição. Garanto que se mais pessoas não abaixarem a cabeça diante destas imposições sonoras, o mundo será um lugar muito melhor para os nossos filhos, netos ou pelo menos para nós mesmos.  

Abraço do Urso

do blog do Urso


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