O jeitinho brasileiro precisa ter fim antes que o Brasil acabe primeiro
Repararam que toda semana aparece uma denúncia diferente envolvendo políticos? Sem exclusividade a categoria alguma, denúncias que envolvem meros assessores aos maiores escalões do governo, não deixando de fora ministros e governadores. Você pode não ter notado o final dessa cadeia carnívora, mas ela acaba exatamente em você!
Em cada escândalo deflagrado, um comportamento fica mais evidente: o descrédito nas instituições que deveriam punir os criminosos nunca esteve tão alto. Parece que os infratores desconsideram o risco de serem punidos e muitos sequer acreditam que podem ser observados, agindo na sombra da lei.
O problema não está no político
Em 2011, já houve a queda de seis ministros, todos da base aliada do governo Dilma. Como em qualquer análise numérica, isso dá margem para interpretações:
- O governo Dilma/PT não tolera corrupção.
- O governo Dilma/PT não consegue escolher bons ministros.
- O governo brasileiro é uma instituição que precisa ser revista.
- Putz. Que azar da Dilma… Pegou uma herança maldita de seu antecessor.
Particularmente, acredito que todas as interpretações estão parcialmente corretas e que desembocam em uma conclusão muito evidente para quem acompanha a política brasileira: o problema não está no indivíduo, está no processo. Tradução: o sistema eleitoral não está conseguindo ter bons resultados, pois o processo está errado.
Se o problema fosse um político metendo a mão na cumbuca errada, poderíamos afirmar que seria um problema isolado; mas, quando um percentual alto faz parte do esquema (vide mensalão), é sinal de que é preciso rever o que permite esse desvio de comportamento.
Quantas vezes você pode ter se questionado em quem votar diante da urna ou nos dias que antecedem uma eleição e não ver saída na escolha do seu representante? Quantos votos de repúdio ou exclusão foram atribuídos?
As máquinas eleitorais chamadas “partidos políticos”
Dou um exemplo simples: na última eleição presidencial, Marina Silva arrebatou mais de 20 milhões de votos. Quem credita esses votos ao talento ou representatividade de Marina é forte candidato a comprar um terreno dentro do mar ou investir suas economias na compra do Cristo Redentor. O número expressivo de votos teve muito mais a ver com a falta de identidade com os demais candidatos do quem com a ex-ministra.
Marina, após sua tentativa frustrada de ser presidente, saiu do partido que a abrigou porque não acreditava no sistema partidário; estimava-se que ela montaria seu próprio partido, coisa que não aconteceu.
Isso já ocorreu antes na história política brasileira, dissidentes petistas saíram do partido para montar o PSOL, pois não se viam mais parte após a série de escândalos envolvendo o PT.
A turma do PSOL deu com os burros n’água. Ao tomar a atitude correta, do ponto de vista ético, e montar seu próprio partido, os militantes perceberam que não seria tão fácil ganhar uma eleição disputando com verdadeiras máquinas eleitorais.
Campanha custa dinheiro
Eleições custam dinheiro, algo fora de proporção. Uma campanha para vereador em São Paulo pode chegar a custar R$ 10 milhões! Claro que isso é uma especulação, os vereadores costumam declarar no máximo R$ 2 milhões. Para reflexão, eu resolvi acreditar nos ilustres candidatos e fazer uma conta besta.
Um vereador em São Paulo, com todo tipo de pagamento possível, não chega a ter rendimentos na casa de R$ 20 mil. Então, ao longo de quatro anos de mandato, receberia algo próximo de R$ 900 mil. Baseado nesse raciocínio, ser vereador é uma ótima ideia de representar o povo e acabar com sua poupança, pois essa conta não fecha. E você aí achando que os caras são corruptos… São mártires! Dedicar suas economias para servir a população é muito nobre!
Claro que há dinheiro do fundo partidário e as contribuições de amigos e parentes. Mas, acredito que, mesmo com todo mundo ajudando, a conta continua não fechando… É só uma impressão que eu tenho.
Daí é que começa o rolo todo na política. O custo de campanha é muito elevado, políticos honestos conseguem se eleger com muita dificuldade, enquanto quem mete a mão no bolso alheio o faz com os pés nas costas, no caso, das nossas costas!
Tem partido que tem muito dinheiro por causa da “doação” dos militantes. Claro que para militantes poderem doar, eles precisam estar empregados. Posso estar completamente equivocado, por isso peço que você me corrija caso esteja, mas não seria por isso que a máquina do governo não desincha? É só um questionamento.
Claro que esse “inchaço” pode ser a tentativa dos representantes de oferecer um serviço de qualidade nos órgãos e empresas públicas, como o que vemos nos filmes. Se for assim, acho que deveríamos avisá-los de que não está funcionando… Podem demitir o pessoal, pois o serviço está péssimo!
Na vida, só não há jeito para a morte
Você pode estar pensando que estou louco ou entendendo o tamanho do buraco em que nos enfiamos. Tenho uma boa notícia: existe saída, aliás, diversas saídas.
Aplicação do voto distrital
Em Roma, senadores eram legítimos representantes do povo, eleitos em praça pública através de voto direto. Atualmente, por causa das campanhas descentralizadas, um eleitor elege um representante que sequer conhece suas necessidades. Por outro lado, se a campanha fosse regionalizada, os custos para divulgação de propostas seria muito menor e o candidato, se eleito, seria obrigado a prestar contas no distrito que o elegeu.
Financiamento público de campanha
Você pode não saber disso, mas de algum jeito financia alguma campanha política de forma indireta. Por exemplo: o BNDES usa o dinheiro do fundo de garantia do trabalhador (você, no caso) para financiar empresas e estas empresas doam dinheiro para campanhas políticas. O problema com isso é que criam-se laços entre grupos e representantes. O eleito seria muito mais livre caso não tivesse vínculo com grupo algum, isso favoreceria os interesses da população, mesmo que em desacordo com “financiadores”.
Fim do voto proporcional
O voto proporcional é aquele que elegeu os “amiguinhos” do Tiririca. Por que acabar com ele? Por um motivo simples! Os partidos não terão vantagem em dar espaço para personalidades como o nobre deputado citado, pois não levarão políticos de procedência duvidosa junto! Pausa para o momento religioso – “Livrai-nos de todo o mal, amém!”. #oremos
Fim do voto obrigatório
O voto obrigatório só obriga o brasileiro a uma coisa: ter um bando de gente na fila da votação, mas que preferia estar “curtindo” uma onda em qualquer praia “chulézenta” do nosso magnífico litoral. Sinceramente, se o sujeito não quer ir votar, pode acabar votando em qualquer um, pois não vê sentido no seu voto. Qual o problema com isso? Políticos tiram vantagem dos votos recebidos, mesmo quando perdem a eleição! Eles “usam” a quantidade de votos que receberam para barganhar cargos em secretarias ou empresas públicas. Ferro neles!
Ok, como faremos (eu e você) para arrumar essa bagunça?
Primeiro, conscientize-se de que o problema também é seu! Sim, é mesmo seu! E meu também! Portanto, isso nos coloca no mesmo barco. Eu estou aqui, fechando minhas portas em várias empresas ao escrever sobre o tema e tentar te alertar. Fora isso, participo de movimentos partidários, tentando influenciar os partidos e representantes a olhar pelo lado da população e fazer passar essas propostas na próxima reforma política.
Você pode começar um trabalho divulgando textos como esse para seus amigos ou um de sua autoria, tanto faz! Depois disso, pode enviar e-mails para jornais e programas de televisão pedindo para colocar a reforma política em pauta. A última instância é tentar localizar aquele deputado federal em que você votou e pressioná-lo para propor alterações no congresso.
Ah, é… Você não sabe em quem votou ou não deu atenção devida para isso, não é?
Bom, nesse caso, volte para sua vida e finja que está tudo bem, diga para si que político é tudo safado e não tem como mudar. Fale mal da imprensa sensacionalista que tenta prejudicar políticos de sua simpatia e reduza o problema a uma disputa de interesses partidários. O jeitinho brasileiro já lhe pegou.
Até mais, se mais houver
do "blog do urso"
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